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A Participação da Fragata "Vasco da Gama", como navio-almirante da operação "Atalanta", representa o contributo de Portugal, no âmbito da União Europeia, para garantir o apoio humanitário ao povo da Somália, tal como combater as acções de pirataria no oceano Indico.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

09AGO11: Abdu Bilé, o Linguista embarcado



Desde o inicio da nossa missão na Operação Atalanta, por forma a ultrapassar a óbvia barreira da língua, (poucos são os elementos que encontramos no mar que sabem falar inglês, exceptuando os comandantes dos navios mercantes)  temos embarcado um linguista a bordo. Abdu Bilé, é oficial da Marinha do Djibouti e faz-nos companhia há cerca de quatro meses.

P: Pode-nos dizer quais são as suas tarefas a bordo e qual a experiência que tem nas suas tarefas?
R: Antes de mais gostaria de aproveitar para agradecer a oportunidade de falar um pouco da minha vivência na operação ATALANTA.

Vou resumir as minhas tarefas a bordo dos navios de guerra em duas partes:
- Primeiro coadjuvo as equipas de abordagem durante as acções que decorrem, analisando toda a informação que me é possível recolher, como imagens, mensagens, manuscritos ou notas e comunicações rádio.
- Acumulo ainda funções de interprete em todas as comunicações entre a "Vasco da Gama" e elementos que as línguas nativas sejam o Árabe ou o Somali.
     Em relação á minha experiência, posso afirmar que já embarquei em diversos navios de guerra, mesmo antes do inicio da Operação ATALANTA. A combinação da minha origem africana com o conhecimento que adquiri nos diversos navios da cultura europeia deu-me uma grande experiência, pelo que considero que possuo qualidades e a capacidade para desempenhar a minha tarefa eficientemente.



      P: O que pensa da Operação Atalanta?
     R:  Na minha opinião por um lado é muito importante estabelecer condições que permitam a ajuda humanitária e que previnam actividades ilicitas como o tráfico de armas, assim como garantir a passagem em segurança da navegação mercante.
      Por outro lado sinto que a ATALANTA serve para congregar pessoas de diferentes culturas. 
     Por exemplo, quando estive a bordo do "Louis Marie" detivemos alguns suspeitos de pirataria a bordo do navio de guerra. Durante o período embarcado o navio providenciou todos os meios básicos de higiene, nomeadamente papel higiénico. 
     Os Suspeitos ao olharem para o papel perguntaram o que fazer com aquilo. Na altura intervi, explicando qual é o comportamento habitual de um muçulmano quando necessita de ir ao WC, aconselhando posteriormente o uso de papel. Portanto penso que é bastante importante demonstrar como é que todas as pessoas pensam, as da região e as que vêem providenciar ajuda. Isso implica aceitação da parte de todos para evitar conflitos.

P: Deseja deixar alguma mensagem a todos os que lêem este blog?
R: A mensagem que quero deixar é que todos nós devemos perceber o flagelo que se passa nesta área de operações e olhar para os países em que operamos por forma a verificar as diferenças entre culturas e aproveitarmos estas experiências. Deste modo conseguimos  trabalhar em conjunto e desenvolver sinergias para desempenhar eficientemente  as tarefas da Operação ATALANTA.


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