A minha foto
A Participação da Fragata "Vasco da Gama", como navio-almirante da operação "Atalanta", representa o contributo de Portugal, no âmbito da União Europeia, para garantir o apoio humanitário ao povo da Somália, tal como combater as acções de pirataria no oceano Indico.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

26JUN11 - O Comando da Vasco da Gama na Operação Atalanta por CFR Diogo Arroteia

 

Caríssimos Bloguistas,

Por nos encontrarmos a cerca de meio desta missão, solicitei ao gestor do Blog que me desse a oportunidade de endereçar algumas palavras a todos aqueles que nos têm acompanhado à distância, agradecendo desde já a vossa constante visita.

Não vos vou falar do dia-a-dia do Comandante, apesar de estar convicto que muitos perguntarão “o que é que ele faz?”, mas sim dos meus deveres e preocupações.
Ser Comandante de uma unidade naval é uma enorme honra e orgulho, como é para qualquer Marinheiro poder servir Portugal e a Marinha nos navios, pois são estes que materializam, permanentemente, aquilo que são os deveres e obrigações da nossa instituição para com o estado e povo português.

E é neste contexto que a fragata Vasco da Gama se encontra no Oceano Indico, integrada na Operação Atalanta, como contributo da Marinha em apoio à política externa de Portugal, neste caso particular, no âmbito da União Europeia, com o objectivo de escoltar os navios do Programa Alimentar Mundial que transportam ajuda humanitária a dois milhões de deslocados Somali, e em simultâneo reprimir qualquer actividade de pirataria no Mar da Somália e no Golfo de Aden.

Aliás, aproveito a oportunidade para fazer um breve balanço da missão até ao momento. Pode-se afirmar que a Vasco da Gama já realizou todo o tipo de tarefas associadas à missão, se não vejamos: Patrulhámos ao longo do Corredor de Tráfego Recomendado Internacional (IRTC), no Golfo de Aden, protegendo os cerca de 70 navios mercantes que aqui navegam por dia; patrulhámos em mar aberto na tentativa de localização de embarcações suspeitas em colaboração directa com os aéreos de patrulha marítima; vigiámos a costa da Somália, de forma a avaliar a actividade nos pontos de apoio logístico dos piratas e em simultâneo evitar que alguma embarcação suspeita tente largar para alto-mar ou que regresse deste para se reabastecer; e por último, neste caso a tarefa mais importante, já realizámos uma das escoltas que vos mencionei anteriormente. Adicionalmente, já efectuámos duas disrupções a embarcações suspeitas, apreendendo diverso material passível de ser utilizado em actos de pirataria. 
Resumindo, o balanço é bastante positivo e todos nós vamos continuar empenhados como até agora para que no final possamos regressar com o sentimento de missão cumprida.
Retornando à acção de comando. 

 A palavra comando, para além da associação que tem a conceitos como dirigir, liderar ou gerir recursos, está também associada a expressões como “a par de” ou de “conjuntamente”. Isto significa que apesar da decisão final e da responsabilidade sobre as respectivas consequências serem sempre do Comandante, sempre que este entender adequado, aconselhar-se-á com os seus mais directos colaboradores, o Imediato e os Chefes de Departamento, para que a tomada de decisão seja a mais consistente e sustentada possível.

Mas o grande desígnio do Comandante é o cumprimento da missão que lhe está atribuída, qualquer que esta seja, mais complexa ou simples, mais curta ou longa. O Comandante tem que colocar os 190 homens e mulheres da guarnição focalizados nas diversas tarefas associadas a essa missão, definindo e explicando o Objectivo e as Prioridades do Comando, de uma forma permanente e dinâmica, pois todos têm uma função fulcral para que estas tarefas sejam executadas de uma forma eficaz e eficiente, garantindo na máxima extensão possível a segurança do pessoal e do material.
Esta poder-se-á dizer que é a parte técnica da equação, existindo uma outra que é tão importante como a anterior, a parte humana. Garantir o bem-estar e o bom ambiente a bordo é essencial para a criação de uma atmosfera saudável, pois a guarnição, chamada de “família naval”, é a nossa “segunda família”, ou mesmo a “primeira” em missões longas como a actual, e se todos se sentirem felizes a bordo, tudo se faz e concretiza de uma forma natural e com satisfação.
Enfim, ser Comandante significa decidir, liderar e responsabilidade, objectivo e pretensão de qualquer oficial da classe de Marinha, do qual tento extrair todos dias ensinamentos para o futuro e a maior satisfação pessoal possível.
No entanto, continuo a comungar da opinião que o cargo mais exigente e complexo, mas ao mesmo tempo, o mais recompensador, que um oficial da classe de Marinha pode exercer é o de Imediato, a quem lanço o repto de aqui proporcionar aos nossos bloguistas a oportunidade, neste caso sim, de conhecerem o dia-a-dia mais atarefado de bordo.
Agradeço a todos a atenção prestada, desejando que se mantenham em contacto connosco e que passem a palavra ao maior número possível de familiares e amigos da existência deste Blog, pois todos vocês têm o direito, mas também a obrigação, de saber o que estamos a fazer.
Bem hajam

7 comentários:

  1. Grande amigo uma boa continuação.Cumprimentos do Nando Beta e o pequenino Guilherme que esta desejoso por o conheçer.

    ResponderEliminar
  2. Foi com muito gosto que li este pequeno texto (mas ilucidador)do Sr. Cmdte da Vasco da Gama.
    Naturalmente que sendo eu também militar compartilho dos sentimentos dos militares embarcados nesse Grande Navio e lanço o desafio mais uma vez (o Sr. Cmdte já o fez) para o Sr. Imediato Bargado nos dar a conhecer o seu dia-a-dia e já agora também para os Chefes de Departamento lhe seguirem o exemplo.

    Grande abraço a todos e continuação de boa missão.

    1Sar R Próspero

    ResponderEliminar
  3. Votos de uma excelente missão e de continuação do espírito de conjunto.
    1SAR CM REF Nunes ex F330 e F332

    ResponderEliminar
  4. Grande Chefe, foi com grande orgulho que servi sob suas ordens e sei que a Vasco da Gama está bem entregue, um grande Abraço e Felicidades
    Santos - C/CCT

    ResponderEliminar
  5. Obviamente nada disto seria possível sem o Galaxy Defender!

    Ficam os meus votos de ventos favoráveis e mares calmos para ti e toda a guarnição da VGama.

    Um forte abraço desde terras de Sua Majestade


    António Coimbra

    ResponderEliminar
  6. Grande camarada e amigo, a excelência da tua missão não é nada que surpreenda aqueles que te conhecem e sabem o rigor, o empenho e a competência que te norteiam. Um grande orgulho em ti, e na tua guarnição, e uma enorme saudade do cheiro a Salitre!! Um abraço das terras de Sua Majestade também (sim, parece que aqui também existe uma Família considerada Real....).

    ResponderEliminar
  7. são relatos destes do qual me orgulho da minha filha fazer parte dessa família naval...digamos...a saudade é grande ; enorme por essa razão o meu desejo da vossa chegada é desesperante mas...o resto de uma boa missão e até breve PARABÉNS pelo desempenho de todos cada qual com a sua categoria!!!!!!

    ResponderEliminar