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A Participação da Fragata "Vasco da Gama", como navio-almirante da operação "Atalanta", representa o contributo de Portugal, no âmbito da União Europeia, para garantir o apoio humanitário ao povo da Somália, tal como combater as acções de pirataria no oceano Indico.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

29JUL11: As Militares Femininas da Vasco da Gama por... Elas


Somos 18, as mulheres na Vasco da Gama, eles são mais ou menos 190..........
Algumas somos raparigas acabadas de sair das saias da nossa mãe, outras, somos mulheres feitas,  já com filhos.



Somos cabeleireiras, amigas e conselheiras umas das outras, somos também irmãs mais velhas e mais novas, enfim procuramos a normalidade num mundo claramente masculino.
Carinhosamente ou para nos provocar, chamam-nos MIFES, nós simplificamos e chamamos-lhes pelo nome, o respeito está sempre presente porque a distância de casa é igual para todos.



Temos maridos, namorados e amigos, muitos não entendem a nossa opção, sobretudo se não pertencem à mesma "Empresa".
Trocamos roupa, sapatos e vernizes, tal como se estivessemos em casa, se bem que aqui facilmente se encontra mais variedade ;) !!


No dia-a-dia a condição de mulher pouco importa, os trabalhos são os mesmos, tal como os direitos, se no lazer eles preferem jogar playstation nós preferimos conversar, se eles preferem um filme de acção, nós preferimos o Dr. House, mas há tempo para tudo e a pressa é só a de chegar...


Somos faxina, electricista, condutora de máquinas, comunicativa, abastecimento e radarista, mas no fundo todas somos mulheres.

Pedem-nos para passar a ferro e cozer um botão, nós nunca dizemos que não. Como sobreviveram os homens sem nós?

Guardamos a vaidade para os portos, aí levamos a passear os brincos, colares e vestidos. Quando saímos é como estar com os irmãos mais velhos, protegem-nos de tudo e todos.
No navio fazem-nos falta alguns mimos, sobra-nos tempo para os doces... Felizmente que o  hangar é grande e guarda lá umas máquinas nossas amigas, haja força de vontade e roupas a encolher !!
Dizem-nos que o nosso telefone toca mais do que o deles e que as nossas conversas são mais demoradas, mas acho que é pura inveja de não terem mais assuntos.
Somos mulheres, namoradas e amigas e estamos do outro lado do mundo, acham-nos frágeis mas somos valentes, somos rijas marinheiras da Vasco da Gama.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

28JUL11: Parabéns por CTEN Gonçalo Baganha


Ontem a Teixeira soprou velas… desde que o Tejo ficou para trás e até voltarmos a avistar o Bugio, 79 irmãos e irmãs terão somado mais um ano às contas da idade… Aqueles que nunca viram o seu bolo de aniversário carinhosamente feito pelo padeiro de bordo, acham graça… gostam da oportunidade de experimentar uma festa diferente, uma festa com muitos convidados, sem preocupações de escolha de restaurante, escolha de roupa e quem pode ou não ir…  aqui fica fácil… tudo é perto, tudo é organizado, no fim espera-se ouvir em tom de discurso, as saudades de casa e o famoso agradecimento à ilustre família Naval.



Depois há os outros, os que por coincidências da vida se acham uma vez mais a navegar no seu dia de anos, para estes é mais fácil… a tarimba amacia o sentimento de saudade… e reina a esperança de que o próximo há-de ser diferente… Para estes a preocupação será, onde encaixar mais uma cresta e o que fazer a mais um cinzeiro autografado… Mas isto dos aniversários tem muito mais que se lhe diga, alguns de nós desde cedo carregamos o estigma da festa de aniversário diferente… aqueles que fazemos anos numa altura em que todos os nossos colegas da escola estão no Algarve com os pais, na terra dos avós ou lá onde eles quiserem, mas não podem estar na nossa festa… Azar dos Távoras, nascemos no verão… dá para fazer a festa ao ar livre, no pinhal, na praia, podem existir brincadeiras parvas que envolvam água e mangueiras e como todo a gente sabe, o verão é mais alegre… é pena que a festa seja só para 4!… os outros amiguinhos estão todos fora… Mas aqui, aqui podemo-nos vingar, é verão, mangueiras não faltam, e amigos… são 200! O Lourenço faz anos em Muscat, está a pensar ir ao Dubai, digam lá se não é formidável.



…O dia de aniversário costuma ser um dia de balanço, quase, quase, dia de fim-de-ano, é tempo de resoluções e decisões, de encerrar gavetas de memórias e preocupações, é um dia invejoso… quero tempo, quero espaço… é o meu dia! Parabéns a todos os Lourenços e a todas as Teixeiras que durante estes cinco meses nos dão o prazer de enmoldurar as suas festas de aniversário




quarta-feira, 27 de julho de 2011

27JUL11: Uma conselheira juridica no Indico por 1TEN Ernestina Silva



A decisão de abandonar durante estes 4 meses a minha “zona de conforto”, no Departamento Jurídico Operacional e Internacional do Estado-Maior da Armada foi muito fácil. Há experiências e oportunidades que simplesmente não podemos afastar quando vêm na nossa direcção. Estar a bordo do NRP Vasco da Gama numa operação real é sentir na pele aquilo que, da minha secretária, por telefone e por email, não tem, nem terá nunca, a cor e o sal do que tenho vivido aqui.



O apoio jurídico especialmente dedicado às operações é coisa recente, e resulta da crescente necessidade dos comandantes se sentirem aconselhados nas acções que tomam. No combate à pirataria, é muito importante que as decisões sejam tomadas dentro do quadro, mais ou menos complexo, de leis nacionais e internacionais. Assegurar a legalidade das acções é proteger o nosso comandante e o nome do nosso País.

Agora que o fim da missão já está no nosso “radar” posso afirmar que tem sido um imenso desafio profissional e humano. Muito se fala do manto da impunidade que paira sobre a pirataria, mas diz-se pouco dos que, como nós, devolvem com o que têm ao seu alcance, a segurança e a estabilidade possíveis a estas águas.


As guarnições dos navios de guerra no Índico passam os dias atentas aos movimentos suspeitos de pequenas embarcações, tranquilizam a navegação mercante, transpõem as barreiras da língua, do clima e da imensidão do oceano. Para mim, que sou da Marinha e do Direito, é muito compensador ver estes homens e mulheres numa luta de reconquista do uso pacífico dos Oceanos, deste Oceano, que é património de todos. Não pensem jamais que o vosso contributo foi em vão.

E ao Norte e ao Sul
E ao Leste e ao Poente
Os quatro cavalos do vento
Sacodem as suas crinas

E o espírito do mar pergunta:

“Que é feito daquele
Para quem eu guardava um reino puro
De espaço e de vazio
De ondas brancas e fundas
E de verde frio?”

Sophia de Mello Breyner Andresen in “Marinheiro sem Mar”

sábado, 23 de julho de 2011

23JUL11: Fast Forward por CTEN Gonçalo Baganha


Passeio pelo exterior enquanto alguém fixa o além-infinito…

«…Então?! Tudo bem?», pergunto eu,
«…sim… estou só a tentar esquecer que aqui estou…»

Lisboa ficou em pause, um pause longo de cinco meses…
Em pause ficaram os sorrisos, ficaram os almoços de domingo…
Ficaram os casamentos de verão, como se pára o tempo então?
Não pára, não parou, apenas se tornou mais lento…
muito, muito lento para quem fica, parado para quem foi…



Em Lisboa os dias foram crescendo… começaram já a encolher, mas por cá não se nota… malfadado Equador que nos dá 12 horas de dia, 12 horas de noite…
…não preciso de 12 horas de noite! Quero dias longos com tardes de verão…  a noite pouco interessa, são as alegrias vividas e não as noites dormidas que nos trazem saudade alfacinha…

…por toda barca se ouve,  
«…quando chegar, quero uma salada de polvo…»
«…Imperial e sapateira…»
«…quero um bife com ovo…»
«…quero apanhar uma bebedeira!..»

Almejado regresso, depois do dever cumprido, assim será dentro de um mês.
…onde está o fast forward? Não há?! Ah! É verdade o tempo não parou…


quinta-feira, 21 de julho de 2011

21JUL11: T.E.A.M.

No final da tirada prosseguimos novamente para o Djibouti, onde ficamos atracados 3 dias.
 

 

Durante este período, e conforme relatado pelo artigo "castanho", foi possível devolver o cinzento á "Vasco da Gama", assim como efectuar as demais tarefas previstas num porto em que o termometro raramente passa dos 40º... para baixo!







Finalmente tivemos oportunidade de tirar a fotografia da oitava guarnição, que deixamos aqui para visualização de todos.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

20JUL11: Castanho por CTEN Gonçalo Baganha


…hoje a barca amanheceu envolta em bruma, não na bruma pura de branca, aquela  de que esperamos que D. Sebastião volte há já cinco séculos, não…  aqui a bruma tem cor, a cor do deserto, ou não estivéssemos nós entre o  ocre das areias da península Arábica e o amarelo do longo deserto que vai de  Alexandria até Mogadishu…  tem cor de quente, cor de húmida, cor que se cola ao navio.
Reina o castanho, nas casas, nas ruas, na pele das pessoas… castanho do ar que se confunde com o tigenado do tempo, do tempo longo de seco e seco do pó…
reina o castanho…


As noites dos marinheiros são encandeadas pelas estrelas e tocadas pelo salitre, por cá, são também diferentes as noites, acrescentam-se as tempestades de areia… o horizonte é fosco e turvo, é da cor do futuro do Corno de África…  e mãos encardem-se com o salitre castanho enquanto se fuma o último cigarro do dia… A rotina repete-se, quem fica para o último cigarro sabe que também irá lavar as mãos a seguir, o último dos últimos cigarros cruza-se com o primeiro de outros, fica um dialogo estranho, «Boa noite!» dizem uns, «Bom dia..» dizem outros…

segunda-feira, 18 de julho de 2011

19JUL11: A Secção de Sinais parte 2

Continuando o artigo da Secção de sinais, segue a apresentação, por quartos, de cada elemento:

Quarto Alfa:
CAB CCT Ribeiro, MAR C Massano e MAR C Cascalheira



CAB CCT Ribeiro
Estou à 25 anos na Marinha e este é o meu 6º embarque, o segundo nesta classe de navios.
Gosto do mar. Foi por isso que aceitei o convite em fazer o meu último embarque num navio que se previa atingir um nível de operacionalidade elevado, bem como uma missão internacional que de alguma maneira fechava a minha carreira “de mar”. 
Outros factores que me motivaram foram o facto da “Vasco da Gama” vir a ser o navio Almirante da Operação Atalanta e de nunca ter navegado em águas do Oceano Indico.
Confesso que o desafio profissional já não é muito pois já pouco é novidade, mas o espírito de missão é bastante elevado. A missão humanitária e o combate à pirataria nesta zona do globo é de extrema importância para a Europa, e Portugal não poderia deixar de estar presente com tão honrosa liderança.
Não quero deixar de louvar a “compreensão” da minha família pois embora já estejam habituados às minhas ausências, estas nunca deixam de ser bastante sofridas. Amo-vos.
A saudade já pesa no espírito, mas acordo todos os dias com o sentimento de que o contributo do meu trabalho valeu a pena.
 

MAR C Massano
Tenho apenas 7 anos de Marinha, 5 dos quais passados a bordo da “Vasco da Gama”.
Foi um choque de início ter a notícia que iria para uma missão humanitária e de combate à pirataria durante 5 meses. Não temos noção absolutamente nenhuma daquilo que vamos passar ou daquilo que vamos encontrar.
O grande momento chegou (dia 29 de Março) e lá vamos nós directos à Somália para a “Operação Atalanta”.
“Às vezes o que mais tememos é o que mais queremos” e esta viagem tem sido sem dúvida aquilo que eu mais precisava, porque me fez crescer em termos profissionais e pessoais.
Cada dia é um dia e estamos constantemente a aprender …
Estar confinada num espaço com apenas 115 metros e lidar 24 sobre 24 horas com as mesmas pessoas não é tarefa fácil, mas são essas pessoas que aprendemos a conhecer que fazem com que os dias passem mais rápido, porque no final somos uma família.
São muitos os países por onde passamos, culturas que conhecemos, línguas que aprendemos, o que torna tudo benéfico para o nosso futuro.
É uma viagem extremamente gratificante para mim, e o que me dá forças é pensar na minha família e em todos aqueles que gosto, porque existem momentos de fraqueza, de tristeza e é a pensar naqueles que estão longe que consigo apaziguar esta tempestade de sentimentos que várias vezes se apodera de mim.
O final está a chegar…finalmente…está na altura de regressarmos…
 
MAR C Cascalheira
Depois de estar na Marinha desde 2007 e de apenas ter experiência de uma unidade em terra, onde conheci pessoas excelentes, foi com grande emoção que recebi a notícia que ia embarcar numa fragata operacional. Fui a ultima a chegar a esta equipa mas com muita vontade de aprender com os meus camaradas mais antigos.
Como integrei a secção de Sinais Visuais, as minhas expectativas para esta missão são: aprender muito mais a nível de sinais e de morse luminoso. Pensei que iríamos fazer mais reabastecimentos e exercícios com os outros navios que estão nesta área de operações e que iríamos interagir mais uns com outros, mas mesmo assim a Operação Atalanta tem sido uma experiência extremamente positiva na minha vida pessoal e profissional.
Gosto da camaradagem e de todos os locais novos que tenho conhecido.
Tenho tido tempo de pensar no futuro …
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 Quarto Bravo:
CAB C Sousa, MAR C Fontes, MAR C Machado


 CAB C Sousa
Após cumpridos 5 anos de embarque a bordo deste navio, várias foram as situações ultrapassadas, várias foram as missões efectuadas, mas sempre com o pensamento e espírito de missão cumprida.
Em comparação a outras missões, a Operação Atalanta é completamente diferente, talvez por ser de carácter real o que redobra as cautelas que normalmente tomamos.
É preciso muita paciência para ver o dia-a-dia e ultrapassar determinadas situações, nomeadamente aguentar ou enganar a dor da saudade, da família e amigos.
Desde já agradeço a toda a minha família a compreensão a força e a coragem que sempre me transmitiram ao longo de todo este tempo. Foi muito importante para mim. “Estão no meu Coração”, não esquecendo os meus amigos que sempre que foi necessário uma palavra amiga e de conforto estavam sempre presentes.
 
MAR C Fontes
O meu nome é Filipe Fontes, sou 1º Marinheiro de Comunicações e estou na Marinha há 7 anos, este é o meu primeiro embarque e estou na "Vasco da Gama” há 3 anos.
Até ao momento estou a gostar das experiências que tenho tido a bordo deste navio, primeiro com o POST (Portuguese Operational Sea Training) onde pude aprender muitas coisas e consolidar procedimentos já ensinados. Foram momentos difíceis mas deu para criar uma equipa de comunicações sólida e unida.
Agora estamos na operação Atalanta, no Oceano Indico a combater a pirataria, já faz 4 meses que aqui estamos, temos visitado países em que nunca estive e provavelmente se não fosse pela marinha e por esta missão nunca os tinha visitado.
Depois de 4 meses de missão o que mais custa são as saudades de casa, principalmente as saudades da família que eu tanto amo e tanta falta me fazem, não esquecendo dos grandes amigos que mesmo longe me continuam a apoiar. Grandes beijos e abraços para todos vocês.

 Mar C Machado
Sou o 1º marinheiro Machado, ingressei na marinha em Janeiro de 2005, e estou na "Vasco da Gama" desde de Abril de 2010.
Não sendo esta a primeira missão que faço, pois anteriormente estive embarcado no N.R.P Sagres fazendo 2 missões nessa unidade, e uma dessas missões sendo da mesma duração desta (5 meses), não deixa de ser difícil de estar longe de casa e de todas as pessoas importantes na minha vida, mas é com grande orgulho e sentido de dever que estou a fazer a missão “Operação ATALANTA”, procurando desempenhar as minhas funções de sinaleiro o melhor possível e contribuir para o enorme sucesso desta missão.
Sendo o N.R.P Vasco da Gama de uma classe de navios operacionais onde a minha especialização de comunicações engloba uma variedade grande de funções, sinto que este navio me fez crescer bastante a nível profissional, tendo relembrado e aprendido muito no treino que fizemos para assumir a posição de navio Almirante na Operação Atalanta.
Não querendo deixar escapar esta oportunidade de deixar aqui beijos e abraços cheios de saudade para a minha família, namorada e amigos, que sempre me deram força e apoiaram na minha decisão de seguir esta vida profissional.

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Quarto Charlie:
CAB C Rodrigues, MAR C Cardoso, MAR C Costa



CAB C Rodrigues
Estou a completar cinco anos de embarque, posso dizer que nestes cinco anos que passei a bordo da "Vasco da Gama" já efectuei algumas missões, todas elas com o seu grau de importância.
A actual missão em que nos encontramos é uma das mais importantes que já efectuei, pois além de sermos o navio almirante da força, e de tudo o que isso significa, é também uma missão real, com cenários reais e onde o imprevisto acontece quando menos se espera... 
A qualquer altura podemos ter que intervir ou ser chamados para uma acção de abordagem ou proteger algum navio de um ataque pirata em curso o que torna esta missão de algum modo um pouco mais excitante do que as outras.
Pessoalmente preferia já estar rumo a Lisboa pois as saudades da família e dos amigos já apertam um pouco, mas por outro lado também estamos aqui para representar o nosso país e dar o nosso melhor para chegarmos a casa com o sentimento de missão cumprida.
No fim de contas é esse o nosso objectivo, dar o nosso melhor para que o país e a nossa marinha fique bem vista internacionalmente e tenhamos a certeza de que o nosso objectivo tanto profissional como pessoal foi cumprido nesta missão.


MAR C Cardoso
Sou o 1º marinheiro C Cardoso, ingressei na Armada Portuguesa a 10 Janeiro de 2005, efectuei a recruta e especializei-me em Comunicações num curso que durou ate ao final de 2005.
Embarquei pela 1 vez na Corveta “General Pereira D’Eça” em 2008 onde estive até o navio ter saído do efectivo da Armada Portuguesa. Foi então que em Outubro de 2009 embarquei na fragata “Vasco da Gama” onde desempenho as funções de Sinaleiro.
Esta é a primeira missão que faço tanto em termos de duração como em termos de importância para o país e para o mundo.
Confesso que estou muito orgulhoso de estar a representar Portugal e contribuir para o sucesso da missão.
Acho muito importante a nossa participação na Operação Atalanta da qual temos o Comando como navio-almirante. Continuaremos até ao final desta missão a patrulhar e a dissuadir qualquer tipo de tentativa de ataque ou ameaça a navios mercantes.
Já muitos dias passaram e falta cerca de 1 mês para estamos de regresso a casa. Confesso que há dias em que a saudade aperta de tal forma que custa ver os minutos a passar, mas com a camaradagem e a entre-ajuda a bordo superamos essas dificuldades e transformamo-las em vontade de querer acabar esta missão de cabeça erguida e com sentimento de missão comprida e assim voltar para casa com orgulho que poderei mostrar e partilhar com os meus familiares, namorada e amigos.
Não me quero despedir sem antes deixar umas palavras de carinho e de força à minha namorada e família que são tudo o que me faz feliz. A eles envio um grande beijo e palavras de incentivo para o tempo que falta até chegar.


MAR C Costa
O meu nome é Soraia Costa, tenho apenas 4 anos de Marinha e 22 de idade. Desempenho funções de Operadora Táctica da Secção de Sinais do Serviço de Comunicações.
Ingressei na "Vasco da Gama" a Julho do ano transacto. Foi com agrado que recebi a notícia do meu destacamento, já sabendo das navegações previstas para este navio.
Passados mais de 40 dias em Inglaterra em treino intensivo para esta grande missão. Pouco mais de um mês, foi o tempo que tivemos para matar as saudades e preparar tanto a família e amigos como a nós próprios para sair mais uma vez em representação da nossa Marinha.
Tendo em conta que é a minha primeira Missão as expectativas eram elevadíssimas! O teor, em particular, desta missão é bastante apelativo e deixa-me bastante orgulhosa por poder fazer parte da guarnição que desempenhou funções como Navio Almirante da Força, passo a expressão “Não é para todos”! No entanto o facto de passarmos muito tempo fechados no navio, a rotina que se adquire, os horários pouco habituais, é uma prova a cada um de nós como ser humano, como seres sociáveis. Ficamos a conhecer o melhor e o pior de cada um! A saudade aperta, tornamo-nos impacientes, pouco flexíveis para o próximo e é nessas alturas que conhecemos o verdadeiro significado da palavra Camarada…
Esta é quase uma oportunidade única e apesar haver momentos em que só pensamos o quanto gostaríamos de estar casa, é com muito orgulho que faço parte desta Missão Humanitária!

domingo, 17 de julho de 2011

18JUL11: Secção de Sinais Parte 1

A INFORMAÇÃO É VITAL

Uma das divisões do Serviço de Comunicações é a Secção de Sinais.
Embora a equipa de Comunicações funcione com a Secção Rádio e a Secção de Sinais totalmente integradas, esta última é em termos de funções específicas, subdividida pelos operadores do Centro de Comunicações, pelos operadores de Sinais Visuais e pelos operadores Tácticos. Estas funções, embora específicas, agrupam no Centro de Comunicações todo o pessoal dividido em três quartos de serviço.

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Operadores Sinais Visuais

Em ocasiões operacionais especificas, os operadores de Sinais Visuais são chamados à ponte para sinalizarem através de bandeiras içadas no mastro do navio, informações codificadas relativas a operações em curso ou à segurança do navio. Poderão também estabelecer comunicações através de Morse Visual com outras unidades navais a navegar nas proximidades, utilizando projectores de luz direccional ou omnidireccional.


(Mar C Machado/Mar C Cascalheira/Mar C Cardoso)
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Operadores Tácticos
Os operadores Tácticos são indispensáveis em assegurar as comunicações em linhas rádio exclusivamente tácticas para operações específicas tais como reabastecimentos no mar, operações anti-submarinas ou anti-aéreas.


(Mar C Costa/Cab C Sousa/Mar C Massano)

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Operadores do Centro comunicações

Os elementos de cada quarto têm como “base” o Centro de Comunicações, onde todos trabalham a maior parte do tempo no processamento, transmissão, recepção e distribuição de vários tipos de informação indispensável à tomada de decisões do Staff da Operação Atalanta e ao Comando da própria “Vasco da Gama”.

(Mar C Fontes/Cab C Deitado/Cab CCT Ribeiro)

17JUL: O IRTC por CTEN Gonçalo Baganha



 
…IRTC é uma sopa de letras que há já algum tempo significa mais do que International Recomended Traffic Corridor… sim, é um “corredor”,  cerca de 420 milhas de comprimento de água quente como só o Indico pode proporcionar. Há uns dias, dia 14, completamos 30 dias de patrulha… por obra do acaso, faltam também 30 dias para o fim da nossa missão aqui pelo Golfo de Aden.

IRTC… sigla comum a  Europeus, membros da NATO, Russos, Chineses, Indianos, Coreanos e até Japoneses. Todos por cá andamos unidos no esforço ao combate à pirataria. É curioso ver como todas as divergências culturais e rivalidades históricas são ultrapassadas, e é encontrado um equilíbrio de trabalho sustentável que nos permite erguer uma cooperação verdadeiramente internacional. Desengane-se quem pensa em Altruísmo, é a economia que faz o mundo girar…

IRTC… Encravado entre a costa norte da Somália e a costa sul do Iémen, 150 milhas de água profunda de azul quente, povoada por peixes voadores e golfinhos que fazem questão de nos lembrar que são eles os donos destas águas, a qualquer hora, em qualquer momento, basta olhar para a terceira ou quarta vaga e um deles lá estará, com o que arrisco ser um sorriso na boca, dizendo «Bem-vindos Portugueses, respeitosamente saudamos os netos de Vasco da Gama…»

IRTC… hoje amanheceram cerca de 100 navios nas suas águas, quantas nacionalidades? Quantos destinos? Quantas gentes? É sem dúvida International…

sábado, 16 de julho de 2011

16JUL11:Equipa de Fuzileiros a bordo da “Vasco da Gama”



Continuando a apresentação dos diversos serviços e equipas de bordo, é altura de apresentar a força de fuzileiros embarcada, que constituem as equipas de abordagem e segurança.

QUEM SOMOS E QUAL A NOSSA MISSÃO:
Somos Fuzileiros e fazemos parte do Pelotão de Abordagem. O Pelotão de Abordagem está integrado organicamente no Batalhão de Fuzileiros Nº1.
A Força de Fuzileiros embarcada é formada por duas equipas, cada equipa é constituída por um sargento e quatro praças. A nossa função a bordo do NRP Vasco da Gama é reforçar a segurança do navio e fazer abordagens a embarcações suspeitas de actos de pirataria.

O DIA – A – DIA A BORDO:
Como já foi referido, a nossa função é executada permanentemente durante o dia-a-dia, pois a segurança e vigilância do navio é efectuada tanto no mar como em terra. 

Durante as patrulhas, sempre que é avistada alguma embarcação suspeita de pirataria, uma equipa mantém a função de segurança a bordo enquanto a outra equipa parte para executar a acção de abordagem.
Para mantermos os padrões exigidos a nível físico e operacional, sempre que possível efectuamos treino físico, luta corpo a corpo, instrução de equipamento específico, tiro real com todo o armamento orgânico, Treino de Tácticas Técnicas e Procedimentos de Abordagem, técnicas de inserção através de fast rope e guincho utilizando o helicóptero orgânico do navio e rappel. Ficam algumas imagens para ilustrar o nosso dia-a-dia.

Treino Físico:



Técnicas de inserção de abordagem





Treino de tiro





 Treino de progressão a bordo


 Acções de abordagem: