Quarto Alfa:
CAB CCT Ribeiro, MAR C Massano e MAR C Cascalheira
CAB CCT Ribeiro
Estou à 25 anos na Marinha e este é o meu 6º embarque, o segundo nesta classe de navios.
Gosto do mar. Foi por isso que aceitei o convite em fazer o meu último embarque num navio que se previa atingir um nível de operacionalidade elevado, bem como uma missão internacional que de alguma maneira fechava a minha carreira “de mar”.
Outros factores que me motivaram foram o facto da “Vasco da Gama” vir a ser o navio Almirante da Operação Atalanta e de nunca ter navegado em águas do Oceano Indico.
Confesso que o desafio profissional já não é muito pois já pouco é novidade, mas o espírito de missão é bastante elevado. A missão humanitária e o combate à pirataria nesta zona do globo é de extrema importância para a Europa, e Portugal não poderia deixar de estar presente com tão honrosa liderança.
Não quero deixar de louvar a “compreensão” da minha família pois embora já estejam habituados às minhas ausências, estas nunca deixam de ser bastante sofridas. Amo-vos.
A saudade já pesa no espírito, mas acordo todos os dias com o sentimento de que o contributo do meu trabalho valeu a pena.
MAR C Massano
Tenho apenas 7 anos de Marinha, 5 dos quais passados a bordo da “Vasco da Gama”.
Foi um choque de início ter a notícia que iria para uma missão humanitária e de combate à pirataria durante 5 meses. Não temos noção absolutamente nenhuma daquilo que vamos passar ou daquilo que vamos encontrar.
O grande momento chegou (dia 29 de Março) e lá vamos nós directos à Somália para a “Operação Atalanta”.
“Às vezes o que mais tememos é o que mais queremos” e esta viagem tem sido sem dúvida aquilo que eu mais precisava, porque me fez crescer em termos profissionais e pessoais.
Cada dia é um dia e estamos constantemente a aprender …
Estar confinada num espaço com apenas 115 metros e lidar 24 sobre 24 horas com as mesmas pessoas não é tarefa fácil, mas são essas pessoas que aprendemos a conhecer que fazem com que os dias passem mais rápido, porque no final somos uma família.
São muitos os países por onde passamos, culturas que conhecemos, línguas que aprendemos, o que torna tudo benéfico para o nosso futuro.
É uma viagem extremamente gratificante para mim, e o que me dá forças é pensar na minha família e em todos aqueles que gosto, porque existem momentos de fraqueza, de tristeza e é a pensar naqueles que estão longe que consigo apaziguar esta tempestade de sentimentos que várias vezes se apodera de mim.
O final está a chegar…finalmente…está na altura de regressarmos…
MAR C Cascalheira
Depois de estar na Marinha desde 2007 e de apenas ter experiência de uma unidade em terra, onde conheci pessoas excelentes, foi com grande emoção que recebi a notícia que ia embarcar numa fragata operacional. Fui a ultima a chegar a esta equipa mas com muita vontade de aprender com os meus camaradas mais antigos.
Como integrei a secção de Sinais Visuais, as minhas expectativas para esta missão são: aprender muito mais a nível de sinais e de morse luminoso. Pensei que iríamos fazer mais reabastecimentos e exercícios com os outros navios que estão nesta área de operações e que iríamos interagir mais uns com outros, mas mesmo assim a Operação Atalanta tem sido uma experiência extremamente positiva na minha vida pessoal e profissional.
Gosto da camaradagem e de todos os locais novos que tenho conhecido.
Tenho tido tempo de pensar no futuro …
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Quarto Bravo:
CAB C Sousa, MAR C Fontes, MAR C Machado
CAB C Sousa
Após cumpridos 5 anos de embarque a bordo deste navio, várias foram as situações ultrapassadas, várias foram as missões efectuadas, mas sempre com o pensamento e espírito de missão cumprida.
Em comparação a outras missões, a Operação Atalanta é completamente diferente, talvez por ser de carácter real o que redobra as cautelas que normalmente tomamos.
É preciso muita paciência para ver o dia-a-dia e ultrapassar determinadas situações, nomeadamente aguentar ou enganar a dor da saudade, da família e amigos.
Desde já agradeço a toda a minha família a compreensão a força e a coragem que sempre me transmitiram ao longo de todo este tempo. Foi muito importante para mim. “Estão no meu Coração”, não esquecendo os meus amigos que sempre que foi necessário uma palavra amiga e de conforto estavam sempre presentes.
MAR C Fontes
O meu nome é Filipe Fontes, sou 1º Marinheiro de Comunicações e estou na Marinha há 7 anos, este é o meu primeiro embarque e estou na "Vasco da Gama” há 3 anos.
Até ao momento estou a gostar das experiências que tenho tido a bordo deste navio, primeiro com o POST (Portuguese Operational Sea Training) onde pude aprender muitas coisas e consolidar procedimentos já ensinados. Foram momentos difíceis mas deu para criar uma equipa de comunicações sólida e unida.
Agora estamos na operação Atalanta, no Oceano Indico a combater a pirataria, já faz 4 meses que aqui estamos, temos visitado países em que nunca estive e provavelmente se não fosse pela marinha e por esta missão nunca os tinha visitado.
Depois de 4 meses de missão o que mais custa são as saudades de casa, principalmente as saudades da família que eu tanto amo e tanta falta me fazem, não esquecendo dos grandes amigos que mesmo longe me continuam a apoiar. Grandes beijos e abraços para todos vocês.
Mar C Machado
Sou o 1º marinheiro Machado, ingressei na marinha em Janeiro de 2005, e estou na "Vasco da Gama" desde de Abril de 2010.
Não sendo esta a primeira missão que faço, pois anteriormente estive embarcado no N.R.P Sagres fazendo 2 missões nessa unidade, e uma dessas missões sendo da mesma duração desta (5 meses), não deixa de ser difícil de estar longe de casa e de todas as pessoas importantes na minha vida, mas é com grande orgulho e sentido de dever que estou a fazer a missão “Operação ATALANTA”, procurando desempenhar as minhas funções de sinaleiro o melhor possível e contribuir para o enorme sucesso desta missão.
Sendo o N.R.P Vasco da Gama de uma classe de navios operacionais onde a minha especialização de comunicações engloba uma variedade grande de funções, sinto que este navio me fez crescer bastante a nível profissional, tendo relembrado e aprendido muito no treino que fizemos para assumir a posição de navio Almirante na Operação Atalanta.
Não querendo deixar escapar esta oportunidade de deixar aqui beijos e abraços cheios de saudade para a minha família, namorada e amigos, que sempre me deram força e apoiaram na minha decisão de seguir esta vida profissional.
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Quarto Charlie:
CAB C Rodrigues, MAR C Cardoso, MAR C Costa
CAB C Rodrigues
Estou a completar cinco anos de embarque, posso dizer que nestes cinco anos que passei a bordo da "Vasco da Gama" já efectuei algumas missões, todas elas com o seu grau de importância.
A actual missão em que nos encontramos é uma das mais importantes que já efectuei, pois além de sermos o navio almirante da força, e de tudo o que isso significa, é também uma missão real, com cenários reais e onde o imprevisto acontece quando menos se espera...
A qualquer altura podemos ter que intervir ou ser chamados para uma acção de abordagem ou proteger algum navio de um ataque pirata em curso o que torna esta missão de algum modo um pouco mais excitante do que as outras.
Pessoalmente preferia já estar rumo a Lisboa pois as saudades da família e dos amigos já apertam um pouco, mas por outro lado também estamos aqui para representar o nosso país e dar o nosso melhor para chegarmos a casa com o sentimento de missão cumprida.
No fim de contas é esse o nosso objectivo, dar o nosso melhor para que o país e a nossa marinha fique bem vista internacionalmente e tenhamos a certeza de que o nosso objectivo tanto profissional como pessoal foi cumprido nesta missão.
MAR C Cardoso
Sou o 1º marinheiro C Cardoso, ingressei na Armada Portuguesa a 10 Janeiro de 2005, efectuei a recruta e especializei-me em Comunicações num curso que durou ate ao final de 2005.
Embarquei pela 1 vez na Corveta “General Pereira D’Eça” em 2008 onde estive até o navio ter saído do efectivo da Armada Portuguesa. Foi então que em Outubro de 2009 embarquei na fragata “Vasco da Gama” onde desempenho as funções de Sinaleiro.
Esta é a primeira missão que faço tanto em termos de duração como em termos de importância para o país e para o mundo.
Confesso que estou muito orgulhoso de estar a representar Portugal e contribuir para o sucesso da missão.
Acho muito importante a nossa participação na Operação Atalanta da qual temos o Comando como navio-almirante. Continuaremos até ao final desta missão a patrulhar e a dissuadir qualquer tipo de tentativa de ataque ou ameaça a navios mercantes.
Já muitos dias passaram e falta cerca de 1 mês para estamos de regresso a casa. Confesso que há dias em que a saudade aperta de tal forma que custa ver os minutos a passar, mas com a camaradagem e a entre-ajuda a bordo superamos essas dificuldades e transformamo-las em vontade de querer acabar esta missão de cabeça erguida e com sentimento de missão comprida e assim voltar para casa com orgulho que poderei mostrar e partilhar com os meus familiares, namorada e amigos.
Não me quero despedir sem antes deixar umas palavras de carinho e de força à minha namorada e família que são tudo o que me faz feliz. A eles envio um grande beijo e palavras de incentivo para o tempo que falta até chegar.
MAR C Costa
O meu nome é Soraia Costa, tenho apenas 4 anos de Marinha e 22 de idade. Desempenho funções de Operadora Táctica da Secção de Sinais do Serviço de Comunicações.
Ingressei na "Vasco da Gama" a Julho do ano transacto. Foi com agrado que recebi a notícia do meu destacamento, já sabendo das navegações previstas para este navio.
Passados mais de 40 dias em Inglaterra em treino intensivo para esta grande missão. Pouco mais de um mês, foi o tempo que tivemos para matar as saudades e preparar tanto a família e amigos como a nós próprios para sair mais uma vez em representação da nossa Marinha.
Tendo em conta que é a minha primeira Missão as expectativas eram elevadíssimas! O teor, em particular, desta missão é bastante apelativo e deixa-me bastante orgulhosa por poder fazer parte da guarnição que desempenhou funções como Navio Almirante da Força, passo a expressão “Não é para todos”! No entanto o facto de passarmos muito tempo fechados no navio, a rotina que se adquire, os horários pouco habituais, é uma prova a cada um de nós como ser humano, como seres sociáveis. Ficamos a conhecer o melhor e o pior de cada um! A saudade aperta, tornamo-nos impacientes, pouco flexíveis para o próximo e é nessas alturas que conhecemos o verdadeiro significado da palavra Camarada…
Esta é quase uma oportunidade única e apesar haver momentos em que só pensamos o quanto gostaríamos de estar casa, é com muito orgulho que faço parte desta Missão Humanitária!
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