13JUL11: Um olhar sobre África por CTEN Gonçalo Baganha

O Índico sul ficou para trás, voltou o cheiro a Africa, o cheiro da terra molhada e do calor da monção de verão. As temperaturas rondam os 40 graus e a humidade lembra-nos que aqui o verão é diferente… Eritreia, Yemen, Djibouti, Etiópia e Somália, são-nos nomes comuns nem sempre pelas melhores razões! Depois desta missão não serão mais apenas nomes de um imaginário distante do corno de África, tornaram-se cheiros, olhares e sabores concretos, com o peso característico das recordações…

Hoje amanheceu fresco, e o vento quente trouxe a lembrança que o mar é pertença da natureza, que tal como os marinheiros tem os seus amuos, e depois das tempestades virão as bonanças. O Djibouti marca-nos pela pobreza e miséria das gentes, gentes encontradas e perdidas a sul dum vermelho mar de famas estupendas de outrora. Em qualquer wikipedia da vida podemos facilmente saber que aqui se encontra o ponto mais baixo de África, o lago de Sal, ou Lac Assal, como os seus colonizadores Europeus lhe chamaram. 

E mais? Quem é o Djibouti? Refugiados da Etiópia e Somália em busca de paz, encravados entre o golfo de aden e o resto desse imenso continente africano, encravados entre as décadas de seca e as outras, as do calor…

A bordo a vida decorre com a normalidade exigida a quem convive em espaços exíguos, inventam-se jogos e conversas, relembram-se tempos de ontem, fumam-se cigarros sob uma estrela polar baixa de 12 graus. As noites quentes não são as do Algarve, o cheiro é diferente e aqui não há luzes no horizonte, a terra sabe-mo-la lá, mas a escuridão impera onde a vida se rege pelo ciclo do Sol.