A minha foto
A Participação da Fragata "Vasco da Gama", como navio-almirante da operação "Atalanta", representa o contributo de Portugal, no âmbito da União Europeia, para garantir o apoio humanitário ao povo da Somália, tal como combater as acções de pirataria no oceano Indico.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

26-27AGO11: A Ponte entre nós por 2TEN ST AEL Pedro Lourenço

“…A Ponte entre nós…..”

Á saída de Lisboa, os corações apertavam e as lágrimas estavam prontas para saltarem por uns olhos que apenas fitavam a distância da Base Naval de Lisboa naquele dia cinzento.
Tais sentimentos, contrastavam com um enorme orgulho em poder representar Portugal numa missão tão importante como a missão ATALANTA, logo era preciso enaltecer a missão e dar o melhor de cada um em prol da causa, colocando os sentimentos numa caixinha junto do coração. Para além de nós, os militares da Vasco da Gama, os militares de Portugal, as famílias sentiram no coração as mesmas palpitações e o mesmo orgulho.



Não havendo uma ponte física possível de construir entre nós, a iniciativa em criar o blog e o alimentar praticamente todos os dias, foi sem dúvida um excelente meio de união entre a Vasco da Gama e os que ficaram na outra banda.



Muitos momentos foram partilhados, momentos individuais, momentos colectivos, actividades do navio, estorias na primeira e terceira pessoa. O Tenente Pinto, através do blog,  tornou a nossa vida mais fácil nestes 5 meses longe de casa, mostrou a quem lá ficou como vivemos, no que trabalhamos, como e onde descansamos, como nos divertimos e comemoramos, mostrou a nossa casa, a nossa cidade flutuante, mostrou a nossa vida e a dele próprio, em que muito do seu tempo foi para alimentar o blog, com a vontade de mostrar o que somos com todo o orgulho que nos assiste.…..foi a ponte entre nós. Hoje o momento é do nosso blogger….é dele que queremos mostrar um pouco.

 
O BLOGGER……
O meu nome é Vitor Pinto, tenho 31 anos, sou natural de Almada e sou o Chefe de Serviço de Comunicações assim como o Oficial de Relações Publicas de bordo.


O BLOG…… Objectivo e mais-valias?
A iniciativa do blog nasceu de forma a haver uma ligação entre a guarnição e todos os familiares, amigos e interessados na nossa vida durante a missão, uma vida tão peculiar como diferente.
Pessoalmente, penso que o blog serviu para mudar a perspectiva de como algumas pessoas olham para a nossa vivência a bordo numa missão longa, real e com diversos desafios, assim como serviu para manterem um “contacto” mais próximo do nosso dia-a-dia. De realçar também que tudo o que sirva para nos aproximar dos nossos familiares, não só acaba por ser um factor de motivação, como também ajuda a que os ponteiros do relógio vão rodando mais rápido...

A MISSÃO… atingiram-se os objectivos? Os portugueses e em particular os familiares orgulham-se de nós?
A missão, no meu ponto de vista, foi um sucesso e as expectativas superadas. Na parte operacional, Portugal e a Marinha afirmaram-se mais uma vez pelo rigor e profissionalismo com que cumprem os seus deveres, deixando também essa imagem a toda a comunidade internacional da região, outrora com ligações diferentes aos portugueses.
Relativamente ao Orgulho das pessoas “em casa”, posso dizer que nunca recebemos no blog nenhum comentário negativo ou injusto acerca das nossas actividades, bem pelo contrário, recebemos sim diversas mensagens de apreço e de encorajamento. É verdadeiramente importante ilustrar a todos aquilo que fazemos e como o fazemos de uma maneira transparente e séria. Também assim, conseguimos não só justificar um pouco a razão das nossas missões, como dar o exemplo, numa altura de crise a nível económico e de valores, que é possível com dedicação e esforço mostrar que somos um País que prima pela competência e excelência, assim como os nossos antepassados o fizeram, e isso é motivo de orgulho para qualquer português.

Findada a missão, vem o ADEUS……O que fica?
Fica o sentimento de ter cumprido com sucesso uma missão real e de carácter internacional, em que fomos relevados pela nossa prestação, debelando sempre todas as dificuldades duma missão deste género, longa e distante de casa. Adicionando isso aos bons momentos vividos a bordo, á camaradagem e amizade que se conquistam nestes momentos, olho para trás e até parece que não se passaram cinco meses….
Por fim, desejo a todos um excelente regresso a casa, que encontrem os mais-queridos da melhor maneira possível e que venham uns dias de descanso, merecemo-los sem dúvida.

CONCLUINDO….
Agora que estamos a umas horas de chegar, a ansiedade apodera-se de nós, a saudade confunde-se com o nervosismo de rever amigos e familiares. A ponte que nos uniu vai-se extinguir e a ponte que nos recebe no rio Tejo trás as boas novas, mostrando a Lisboa mais uma vez que está a chegar um filho, um marido, um pai, um amigo que vem orgulhoso de ter representado Portugal no mundo.
 
A todos os que nos acompanharam e deram força, alento e encorajaram a desempenhar a nossa missão…….Vemo-nos logo ao meio-dia……
O FIM!

26AGO11: O Departamento de Operações por CTEN João Piedade

O outro braço direito…

A organização Funcional de um navio com as características da Vasco da Gama prevê além do natural braço direito do comandante, o Oficial Imediato, um outro braço… O Chefe do Departamento de Operações, que imagine-se só, também é direito!!


Os departamentos de Logística, Propulsão e Energia, e Armas e Electrónica, garantem a sustentação de todos os “brinquedos” à disposição do Departamento de Operações (DOP). O DOP é a raposa matreira que engendra mil e um planos para poder vencer os seus inimigos, indubitavelmente, “os maus”!!




O DOP gere todos os sensores, armas, meios orgânicos (Helicópteros) e Equipa de Fuzileiros, que um navio com as características da Vasco da Gama reúne. O seu covil é o Centro de Operações (CO), onde permanentemente se encontram os bravos guerreiros, a estudar,  treinar, e reflectir sobre as formas ardilosas que existem para ganhar a guerra aos maus. A Ponte de comando são os olhos do navio, olhos atentos que nunca piscam, estes combinam-se com o cérebro do CO, e assim se reúnem as consolas, equipamentos e Homens  que permitem ter a cabal percepção do que os maus andam a fazer, é aqui que se concentra a informação pertinente necessária à tomada de decisão relativa a qualquer acção que os maus possam vir a empreender contra os “bons”, que obviamente somos nós!!




O DOP não é mais do que a ponta da espada que representa a Fragata Vasco da Gama, naturalmente que a espada não seria espada se não existisse a lâmina (os outros Departamentos), mas quando toca a reunir para cumprir com as tarefas que lhe estão acometidas, é a ponta da espada, a ponta impecavelmente afiada da espada, que toma conta do recado!!






Passeando pelo navio é fácil reconhecer quem pertence ao DOP, serão sempre aqueles homens e mulheres que têm o sorriso mais largo, e o peito mais cheio, são os orgulhosos portadores da “espada” de Vasco da Gama que trilhou caminho entre os maus da sua época.





O DOP é o treino, o DOP é a guerra, o DOP é a Paz,
Mas no fim, alguém tem que se divertir,
E só o DOP é capaz!

Guerreiros, durante os 122 dias em que vigiaram as águas infestadas de piratas, 284000 Marinheiros a bordo de 14200 navios mercantes cruzaram as águas do Indico em segurança.
MISSÃO CUMPRIDA!!!

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

25AGO11: O Fotógrafo do navio



Por forma a brindar todos os que visitam o blog, lêem os artigos da Revista da Armada e as crónicas do portal dedicado á operação ATALANTA,  existe um elemento de bordo que está encarregue de capturar momentos em fotografias para mais tarde recordarmos.
Apresentamos o rosto por detrás da máquina.
O Sargento Paulo Bolinhas, é o Supervisor de Sinais de bordo e acumula funções como o fotógrafo do navio, tendo alimentado com fotografias o blog quase na totalidade.


P: Sar C Bolinhas, fale um pouco de si e das suas origens.

Sou o 1SAR C Bolinhas, nasci em 1964 sou natural e residente na Vila da Moita, mais conhecida por Moita do Ribatejo. Sou supervisor de sinais da Vasco da Gama e acumulei como parte do staff colateral do CTF 465 as funções de fotografo. Tenho como hobbies a fotografia e o ciclismo, sendo a fotografia uma paixão antiga, aos 3 anos já a minha mãe me batia por ter partido uma maquina fotográfica ‘’kodak’’ que era pertença de meu pai, mal ela sabia que uns anos mais tarde seria uma das minhas paixões.

P: Quantas fotografias tirou durante esta missão?
Pelo numero actual e porque ainda falta algumas horas para que a nossa missão possa terminar, penso que irei chegar às 30.000 fotos.

Claro que muito contribui o chamado efeito da ‘’era digital’’, pois ao não se utilizar o serviço analógico/rolos o carregar no gatilho acaba por ser mais fácil. Em 1995/1996 desempenhei as funções de fotografo do Comstanavforlant e na altura não tirei tantas fotografias, até porque eram na época todas reveladas a bordo e pelo sistema preto e branco.



P: A missão correspondeu ás suas expectativas?Qual o balanço que faz?
A missão não sendo totalmente desconhecida no seu objectivo final, criou algumas expectativas em virtude de ser num teatro de operações que a Marinha por norma não actua,  pelas condições climatéricas que iríamos encontrar durante estes meses tórridos de verão e pelos países que nos iriam receber. 
Passados estes 5 meses de missão e porque a principal missão do NRP VASCO DA GAMA era a escolta nos navios da AMISON e WFP, penso que o balanço é muito positivo. 
Cumprimos o objectivo principal da missão, dignificamos a Marinha e Portugal por onde passamos.
Um apontamento que levo na minha memória é que nem tudo em Portugal é assim tão mau e nem tudo em Portugal é melhor do que o que visitámos. 

No Quénia, mesmo o mais analfabeto soube-me explicar quem era e quem foi o navegador Português Vasco da Gama. 
Outra imagem que levo é de milhares de pessoas em Dar er Sallam – Tanzania quando o navio passava junto ao ‘’mercado da ribeira do peixe’’ deixou marcas, mas o que mais me marcou foi quando os nossos filhos pedem calças "de marca"….. e ténis "de marca" enquanto no Djibuti via-se frequentemente crianças a vaguear pela rua completamente nus. 
Deixa o mais insensível sensível….


P: Deseja deixar alguma mensagem aos nossos seguidores?
Esta mensagem será pessoal para quem durante estes meses viu as minhas fotos no blog da Vasco da Gama.
Um rosto a preto e branco, quando o vemos fotograficamente, olhamos para as expressões desse rosto e não as cores das roupas, o sol quando é fotografado, e pode ser de diversos ângulos, para o simples observador quer dizer mais que uma simples foto, faz-nos pensar em tudo o que nos rodeia….. 
Cada foto tirada representa um momento e tem o seu significado, não há uma segunda oportunidade para tirar a mesma fotografia....e espero um dia fotografar o pensamento da alma de uma mulher! bem hajam a todos….

25AGO11: O Serviço de navegação

 

O serviço de navegação é um serviço com bastante responsabilidade a bordo, pois é o serviço que prepara todo o material necessário, elabora planeamentos e apoia directamente a condução da navegação do navio.
  
Apesar de ser um serviço pequeno não é sinónimo de pouco trabalho, pelo contrário, os preparativos começam muitos antes de o navio sair para o mar, pois é necessário fazer todo o estudo da viagem. Este estudo inclui os portos a praticar e alternativos, rotas, número de milhas, consumos de combustível, meteorologia, e toda a informação necessária para a segurança da navegação. Após conclusão e aprovação do estudo de viagem, é necessário requisitar todo o material para a viagem desde publicações, cartas de navegação em papel e digitais, aplicando as respectivas correcções.

O serviço de navegação é composto apenas por cinco elementos. O chefe de serviço é o oficial navegador (ON), que é responsável pela condução da navegação em águas restritas, elaborar e propor os planos de navegação, controlar e supervisionar a condução da navegação de acordo com os planos previamente aprovados. O ON é responsável pela instrução e treino aos Oficiais de Quarto à Ponte, propondo ao Sr. Comandante a sua certificação, e supervisiona o treino das equipas da ponte. Durante as operações no mar, é o oficial que toma conta, supervisiona ou aconselha o Sr. Comandante quando o navio se encontra em situações de maior risco, tais como reabastecimento no mar, entradas e saídas de portos e manobras e evoluções com outros navios. É ainda o responsável pela meteorologia de bordo.

O oficial adjunto ao oficial navegador (ANAV) é, tal como o nome indica, um complemento do Oficial Navegador. Este oficial ajuda o ON na elaboração de planeamentos, estudo de viagem, substituindo-o em algumas situações da sua ausência ou tidas como convenientes, principalmente a nível administrativo. A navegar, o ANAV efectua quartos à ponte como Oficial de Quarto e durante a navegação em águas restritas,  efectua o controlo de posicionamento do navio na carta em papel, através da triangulação de azimutes e de distâncias radar, em estreita colaboração com os marcadores dentro da equipa de pilotagem.


O sargento do serviço de navegação é denominado por Fiel da Navegação, têm como principais funções tratar da parte logística do serviço. O fiel é responsável pela requisição de cartas, de publicações e do material necessário para o serviço. A navegar a sua função é na ponte, como Sargento de Quarto à Ponte e em águas restritas, controla o posicionamento do navio através do ECDIS (sistema de cartas electrónicas de navegação).


O serviço conta ainda com dois auxiliares. Os auxiliares do serviço de navegação tratam da correcção das cartas de navegação e das publicações, e ainda efectuam acções de manutenção na ponte. A navegar, ambos desempenham funções no centro de operações, excepto nas manobras de reabastecimento e nos exercícios de manobras e evoluções, em que reforçam a equipa da ponte. Durante a navegação em águas restritas, fazem parte da equipa de pilotagem como marcadores.



O facto de ser um serviço pequeno e com elevada responsabilidade na preparação e condução da navegação do navio, obriga a que este funcione como uma equipa coesa, onde cada um conhece bem as suas funções e onde todos são necessários.

Independentemente das tarefas e missões que são atribuídas e que levam o navio a sair para o mar, sejam testes aos equipamentos, acções de treino ou missões nas partes mais distantes do globo, a preparação e condução da navegação é sempre a mais rigorosa. Pois mesmo em testes ou em acções de treino no mar, a navegação é sempre real e os perigos estão sempre presentes. Facto este que funciona como elemento motivador e de desafio nas nossas tarefas, permitindo uma observação directa dos frutos do nosso trabalho.
Por fim, como se encontra escrito na escotilha de acesso à ponte, tanto para os elementos do serviço como para todos aqueles que desempenham funções na ponte:
“NAVEGAR NÃO É SIMULAÇÃO!”

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

24AGO11: O Departamento de Armas e Electrónica por CTEN EN-AEL João Neves



O Departamento de Armas e Electrónica é o Departamento mais pequeno deste navio, contando com 29 militares (3 oficiais, 15 sargentos e 11 praças). Pequeno grupo com grande união, sempre bem dispostos e pronto para o trabalho, como prova a hiena do nosso badge que carregamos junto ao nosso braço, e que é o nosso segundo instrumento de trabalho.



A nossa tarefa aqui a bordo permitiu-nos ajudar chegar ao Índico olhando as estrelas apenas para sonhar, mas não para nos orientar, como fez o Vasco da Gama. Ou ver muito para além do que a nossa vista alcança, seja debaixo de água, à superfície ou bem mais acima. Garantir a defesa e a salvaguarda de todos os que circulam nas águas que patrulhamos dissuadindo aqueles que ainda atentam contra o que cremos ser o bem.
Permitiu ainda que durante estes cinco meses estivéssemos em contacto permanente com as nossas famílias, sentirmo-nos mais perto de casa para alentar o nosso trabalho, receber as fotografias dos filhos que, nalguns casos, não tiveram a oportunidade de ver nascer, ou mostrar ao mundo o nosso dia-a-dia através desta porta de visita que é o nosso blogue.
Este é o trabalho do DAE – uma parte do enorme trabalho que esta cidade flutuante exige diariamente.


O departamento divide-se em dois serviços.
O serviço de armas, que cuidam desde as mais pequenas armas às maiores, e que dão sentido ao facto de este ser um Navio de Guerra, mas sempre com o mesmo objectivo: defender e proteger os nossos propósitos onde quer que estejamos.


Este grupo de 14 pessoas não se limita às suas funções de manter e aprimorar este conjunto de armas e sensores, complementando com outras funções tão importantes como sejam a de Flight Deck Officer ou a não menos importante tarefa de nos manter aprumados!


O serviço de electrónica, com uma equipa de 12 pessoas, é responsável por todo um conjunto de sensores, sistemas de comunicações, equipamentos electrónicos de recreio ou meios informáticos que permitem facilitar e melhorar as tarefas incumbidas ao navio ou, tão somente, melhorar o nosso conforto e bem estar nestes longos períodos longe de casa e das nossas famílias. 


 Permitam-me agora falar sobre as pessoas deste departamento ... toda a parte humana que as armas e a electrónica necessitam diariamente para funcionar.
Estes são os elementos que fazem com que estes transístores, circuito integrados, óleos, massas e aço nos sejam úteis e justifiquem a nossa presença, mas que de nada serviriam se entre nós não existisse a cumplicidade de quem, além de trabalhar junto, necessita de partilhar todas as suas alegrias e tristezas.
Os militares que todos nós somos, de nada servem se não tiverem um ser humano. Os bons técnicos que nós somos, não serão tão bons se não tiverem a ajuda de um camarada e o braço, que se bem se lembram é o nosso segundo instrumento de trabalho, de nada serve se não houver primeiro uma brilhante mente.




Resta-me agradecer a todo este meu departamento e, em especial, aos meus mais directos colaboradores, bem como a todos aqueles que mesmo sem aqui estarem a navegar durante estes meses, sempre nos ajudaram a ultrapassar as dificuldades com que frequentemente nos deparámos … aos camaradas, aos amigos e muito especialmente, à família.

 

É este o nosso departamento…


24AGO11: O Serviço de Operações Anti-Submarinas


            Como o próprio nome indica, este serviço ocupa-se de tudo o que existe abaixo da superfície da água. Tudo o que esteja submerso e que se possa revelar uma ameaça será lidado connosco.
            A nossa guerra é diferente de todas as outras pois necessitamos de uma mente perspicaz e atenta pois, contrariamente aos radares de superfície, apenas conseguimos detectar algo através do som e a uma curta distância.
            Para detecção os Torpedeiros usam o sonar: aparelho que emite um som e lê o eco recebido. Consoante o tamanho do objecto o eco recebido será menor ou maior. Se obtivermos várias leituras no mesmo azimute é porque temos lá alguma coisa! Mas será um submarino ou uma inofensiva baleia ?
            No caso de um submarino inimigo tiver de ser atacado por nós temos torpedos que são disparados pelas nossas plataformas ou tubos-lança-torpedos. O tubo efectua um disparo de ar comprimido para o torpedo poder seguir para a água e começar o seu caminho. De realçar ainda que o torpedo só em contacto com água salgada é que entra em funcionamento.
Temos ainda o telefone submarino (sim é um telefone!) onde podemos comunicar com submarinos debaixo de água. Embora o som se mova mais lentamente debaixo de água, as comunicações conseguem-se fazer.
         
            O Chefe
O nosso líder chama-se Vitor Cavaleiro e tem o posto de Segundo-Tenente da Classe de Marinha, especializado em armas submarinas.
Provém de Ermesinde tendo entrado na Escola Naval a 13 de Outubro de 2000.
Ocupou o cargo de chefe do serviço de comunicações na corveta “João Coutinho”. Por fim juntou-se à “Vasco da Gama” a 21 de Julho de 2008.
           
O Cabo
Sou o Cabo Torpedeiro-Detector João Bastos e tenho 27 anos; sou  natural do Barreiro e estou na Marinha desde 2002. Depois de um embarque de 3 anos na Fragata “Comandante João Belo” embarquei na Fragata “Vasco da Gama” na qual me encontro à 4 anos.

A bordo pertenço ao Departamento de Operações, fazendo parte do serviço de Armas Submarinas no qual exerço a função de Operador de Sistemas Detecção Acústica mais propriamente Operador Sonar e Telefone Submarino.

É com grande orgulho que represento Portugal nesta Importante  missão (Operação Atalanta) na Fragata Vasco da Gama, com o objectivo combater as diversas acções de pirataria no Oceano Indico/Golfo de Aden e também garantir apoio e ajuda humanitária ao povo da Somália, o qual passa por grandes dificuldades. Existe um grande sentido de responsabilidade, no qual evitamos que mercantes sejam pirateados, tendo de os escoltar e responder a pedidos de ajuda dos mesmos, onde estão sempre dependentes varias vidas humanas. É uma grande experiencia tanto a nível profissional como pessoal esta missão.
Aproveito a oportunidade para deixar beijos e abraços em especial aos meus pais e restante família e em particular aos meus amigos o qual me têm ajudado imenso ao longo destes 5 meses.
           
O Grumete
O grumete sou eu, Carlos Esteves. Estou na marinha desde 30 de Outubro de 2007 e sou da especialidade de operações, estando a desempenhar funções de Torpedeiro. Antes de vir para a “Vasco da Gama” estive na Escola Naval e na corveta “Jacinto Cândido”, aonde era adjunto do Chefe do Serviço de Navegação.
Nesta operação desempenho as funções de Compilador do Panorama de Superfície; lugar de grande responsabilidade pois todo o tráfego de navios passa pelas minhas mãos, quer seja um navio mercante ou uma embarcação pirata.
A Operação Atalanta é uma grande aventura para mim e o concretizar de um sonho: estar em África, berço da humanidade, e tambem realizar uma missão de carácter operacional e humanitário
Agora que estamos a breves dias de voltar a casa, quero expressar a grande saudade que sinto do nosso País, da nossa gastronomia e da cultura. Mas acima de tudo sobressai a saudade da familia, da namorada e dos amigos que ficaram para trás.
Aproveito para mandar um forte abraço de saudade a todos em Portugal e uma promessa de rápido regresso.

                                   

24AGO11: O Adeus ás armas, não o de Hemingway... por CTEN M Gonçalo Baganha

  

De regresso ao Mediterrâneo, ficou definitivamente para trás o corno de África…
5 meses volvidos de sangue, suor e lágrimas – não com o significado e peso que lhes deu Sir Winston Churchill,
mas sim com o sentimento de dever cumprido!


Em todos, o sangue pulsou mais forte quando o ETO  transmitiu “estabelecido estado de alerta 2”… e não foram poucas…
Skiff a Bombordo… Whaler à proa… onde está a Dhow?
…palavras novas que ganharam um significado perene… Afinal a pirataria ainda existe!
Sangue, Suor e Lágrimas…

O suor não foi pouco, não aquele literal de quem tem os seus afazeres nos exteriores,
mas o de todos que com o seu contributo levaram a tarefa a bom porto… Manutenção, Logística e Operações, foram os
pilares de sustentação de toda a missão... e se suaram!..
Houve, também, muito literal suor, que estas temperaturas são difíceis de acostumar.
Sangue, Suor e Lágrimas…

De alegrias e de tristezas, lágrimas multiplicadas em dezenas de jantares de despedida…
…para muitos foi a última missão, amigos que vão partir, rostos que se vão esquecer…
Férias tardias de verão chegam agora e trazem já consigo a estranha ânsia de infância do rápido regresso “ás aulas”, do reencontro com os amigos…
Sangue, suor e Lágrimas…

A 8ª cumpriu, suou e chorou, o tempo do Índico acabou, é agora vez de ajustar rotinas,
voltar a ligar telemóveis e procurar as chaves do carro esquecido na Base.
É tempo de arrumações e despedidas…
Sangue, Suor e Lágrimas.