Estou insónio…
4 meses… é isso que é preciso para um homem se redescobrir? 6meses? 1 ano?
…Não somos todos iguais! O mar não é o mesmo, em tudo parece mas não é… hoje deixou de ser azul profundo do Índico esquecido, hoje foi verde, verde do mar, ameno e vívido como o Atlântico que aprendemos a conhecer… Será do recrudescimento da esperança de que Lisboa está para breve?
As palavras purgam os sentimentos, os guardados, os esquecidos e os lembrados… a miséria vista de tão perto… sente-se o cheiro que traz a memória da vida atroz que se vive para lá da televisão, a memória nunca recordada porque era até agora desconhecida…
Será que marcou todos por igual? É pouco provável… para uns são 4, outros 6 e até se calhar 12 meses… quanto tempo de olhar as ondas é preciso para lembrar o que somos, o que fomos e para onde vamos? Retirados da ternura do rectângulo, vendo o estio passar em cliques do rato… Troikas, eleições e FMIs, todos estiveram no Público on-line… e os aniversários dos próximos? E as alegrias e doenças dos nossos? Não há cliques de rato que valham a ausência e tragam as sensações de realidade vivida.
Zoom-in da pirataria, já sabemos, tristeza em directo, zoom-out da Somália, o que se passou no nosso mundo?
Por aqui, cantoneiros globais corrigem um erro. Deles? Nosso? O futuro da Somália o dirá… Injustiça mundial sobre o povo abandonado? ou martelo certeiro que arredonda o granito que pouco a pouco constrói um futuro incerto no corno Africano?
Prometem-se reencontros em Lisboa, «tem que ser porque aqui se viu quem é e quem está…», facilmente se sabe quem vale a pena reencontrar…
Amizades descobertas em dias longos de patrulha… algumas antigas outras de empatia imediata sob a pressão descontraída de uma missão longa.
Reinventam-se rotinas e recordam-se hábitos marinheiros antigos, chouriços da meia-noite e meia-desfeita de pequeno almoço… alvoradas de parabéns e serenatas às estrelas… conversas de um tempo sem tempo, sem rumo nem fim… Alegrias de saber de uma Lisboa feliz que nos aguarda serena.
A insónia é melancólica, melancolia deturpada pela saudade do futuro… Que futuro é preciso para um homem se reencontrar? O deles? O nosso?
…que memória fica e que futuro virá? Não sei, porque os homens não são todos iguais!...
Sem comentários:
Enviar um comentário